Entre shows & festivais
Obsessões
“Ideias, pensamentos, fantasias ou imagens persistentes, que surgem de forma recorrente, involuntária e intrusiva na consciência” – Assim são caracterizadas as Síndromes Obsessivas por Paulo Dalgalarrondo em seu livro “Psicopatologia e Semiologia dos Transtornos Mentais”.
Não me enquadro no diagnóstico psicopatológico, mas tenho e já tive algumas pequenas obsessões. Como quando estive obcecada por esmaltes, e conhecia todas as variações de vermelho… Ou quando comprei cerca de 100 livros no mesmo ano, ou quando li tudo que achei pela frente sobre Segunda Guerra Mundial, ou quando queria tudo em estampa zebrada…
As minhas pequenas obsessões com o tempo reduzem de tamanho. Ainda sou apaixonada pelos livros, ainda me interesso pela Segunda Guerra, ainda gosto de animal print, e ainda acho bonito unhas feitas – por mais que nem me lembre quando foi a última vez que fiz as minhas.
Quando li a proposta deste texto, fiquei tentando escolher qual dessas acima eu ia abordar. E aí por volta de 12h de hoje, a resposta me veio em forma de anúncio de Line-Up de Festival.
Entre shows & festivais
Tenho uma pequena obsessão por shows e festivais! Nada de novo sob o sol para quem já me conhece mesmo há poucas semanas. A primeira vez que vi um show ao vivo tinha 9 anos e fui assistir à dupla de irmãos dona e proprietária da música pop brasileira – e depois desse fatídico dia 13 de julho de 97, passei cerca de uma década obcecada por eles.
Teve também aquela vez, em 2005, em que economizei todo o dinheiro que ganhava para almoçar no cursinho comendo um hot-dog baratinho para ter como pagar o ingresso do primeiro show em terras tupiniquins daquela banda de Seattle. A mesma banda que, em 2018, em sua quinta vinda ao Brasil, me fez cancelar todos os planos por mais ou menos uma semana, e acompanhar 4 dos 5 shows que foram realizados por aqui.
Ou aquela vez que fiz minha prima conseguir ingressos (que já estavam esgotados) para irmos ver o “Boss” nascido nos USA, nas férias que passei com ela em Paris.
Ou ainda aquela vez que voei do Rio e cheguei correndo em SP para assistir aqui o mesmíssimo show que tinha acabado de ver lá da banda dos gêmeos tóxicos.
Eu costumava registrar os shows que ia, primeiro na aba da bio do Last.Fm, e depois salvando no Setlist.fm. Em algum ponto perdi o controle sobre isso, mas ainda sei quantas vezes vi ao vivo a banda preferida (aquela de Seattle) encerrar shows com minha música preferida (Foram 6, das 7 vezes que os vi ao vivo).
Se me chamassem para expor em um museu de obsessões, essa pequena obsessão provavelmente seria a que eu teria mais material para a curadoria. Tenho fotos, vídeos, ingressos (até mesmo aquele de 1997 da dupla de irmãos), tenho palhetas que foram jogadas pelos músicos, tenho adesivos, chaveiros, camisetas, cartazes, setists, bexigas, e até papeis picados de toda essa extensa carreira de acompanhadora de shows.
Acredita-se que a obsessão é resultado de causas biológicas, genéticas, psicológicas e ambientais. Eis que me encontro sem ir a uma gostosa aglomeração musical desde outubro de 2019. A pandemia me deixou com diversos ingressos nas mãos esperando os shows de 2020 serem remarcados para 2021, e depois para 2022.
Pois bem, faltam 2 meses para 2022. Os shows e festivais anunciam suas voltas. Já consigo sentir a adrenalina de passar nervoso em fila online de compra de ingresso de novo. Hoje mesmo fiz uma lista dos que pretendo ir no próximo ano, e até onde notei, envolviam TODOS.
Até mesmo o Festival que não gosto, ao anunciar hoje como headliner aquela que foi uma das últimas bandas que vi tocar lá em 2019 (no festival carioca que eu gosto), me fez colocar seu nome na listinha de “Próximos Eventos”.
Estou obcecada! E apesar de ainda temer a aglomeração que envolve um show ou festival e de não saber se aguento ficar 300 horas em pé, a saudade daquela dorzinha nos braços que ficaram um dia todo apoiados na grade veio com força! Em 2022 irei em todo show que tiver, não tentem me impedir!!!
* (3/21) “Todos nós temos temas pelos quais somos obcecados…” – Este artigo faz parte do desafio de 21 dias de escrita, proposto pelo Matheus de Souza.
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