Psicologia de Boteco

Por que você escreve???

Quando me peguei com essa questão, pensei “mas eu quase não escrevo”. Sou uma apaixonada pelas histórias, e sim, leio mais do que escrevo, escuto mais do que escrevo.

sim, definitivamente leio bem mais do que escrevo!

 

Então me lembrei de quando comecei a escrever, e no alto dos meus 6 anos, no Pré II da professora Carla, diante de uma atividade que era para desenhar várias das nossas coisas favoritas, e eu perguntei “Posso escrever?”.

 

A tia Carla disse que podia, e eu arrisquei as primeiras palavras públicas, que até então se resumiam ao meu jogo de letras de madeira no qual fui aprendendo a criar palavras em casa com meus pais. “SOUPA DE FEIGANU” foram as palavras que apareceram no espaço em que eu supostamente deveria desenhar minha comida preferida. Eu amava sopa de feijão, gosto muito ainda hoje.

Mas a tia Carla ficou um pouco brava, porque o exercício pedia para desenhar. E eu fiquei muito confusa, porque ela tinha autorizado a escrita previamente. Mas tudo bem, desenhei tudo que precisava embaixo das palavras que escrevi naquela minha primeira tentativa de publicação de um livro.

 

Quando tinha por volta de 10 anos, comecei a andar com cadernos para todos os lados, escrevia histórias, que tento puxar pela memória e não lembro de nenhuma. Consigo visualizar o caderno com as bordas das folhas coloridas, consigo me ver sentada no chão do quarto apoiada no guarda-roupas escrevendo, mas das histórias? Nada…

 

 

Ali pelos 13 anos, experimentando os primeiros sinais de um apaixonamento juvenil, copiava versos, poesias, e contos românticos no caderninho.  E depois disso, o hábito da escrita meio que se perdeu, ou se tornou, mais tarde, na escrita padronizada dos rascunhos de redação para o vestibular.

 

Por isso hoje meu primeiro pensamento foi “mas eu quase não escrevo”. Porém, ao prestar atenção percebi que, na minha prática profissional, escrevo o que me dizem, analiso o que escrevo, e escrevo o que analiso. Percebi que escrevo os sonhos que tenho, todo dia (ou quase todo dia) fazendo um esforço para trazer os detalhes oníricos para o papel antes que eles escorreguem para o esquecimento.

 

Percebi que, quando escrevo nas redes sociais, encho os posts de detalhes – uma colega há uns anos, quando eu escrevia posts de viagens, observou que eu gosto de contar a história dos lugares. Percebi que escrevo para disseminar conhecimento. Percebi que escrevo listas e listas – do que pensei, do que senti, de tarefas que precisam ser concluídas, etc. Percebi que a Escrita Terapêutica, recomendada pela minha antiga psicóloga, que também recomendo às minhas clientes/pacientes hoje em dia, me ajudou a entender os meus sentimentos, principalmente aqueles que eu não entendia, e/ou com os quais eu não gosto de lidar.

 

Então por que escrevo??? Olhando para trás e enxergando minha jornada na escrita até aqui, agora entendo: Escrevo por ser uma apaixonada pelos significados.

 

 

 

 

 

 

* (1/21) Este artigo faz parte do desafio de 21 dias de escrita, proposto pelo Matheus de Souza. Vi nessa experiência a oportunidade de colocar as ideias no papel, escrever sem pretensões, e trazer para cá um pouco da pessoalidade que me propus.

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