Ônix
Ônix era o nome daquela bolinha de pelos preto que acabava de entrar para a família. Ônix também é a pedra negra que, dizem, representa o meu signo do zodíaco – capricórnio. Mas Ônix era geminiano, se é que animais têm signos. Precisamente ele faria anos no dia de hoje, se ainda habitasse este plano.
Mas ele ainda parece estar por aqui, quando vez por outra me deparo com cachorrinhos que me olham nos olhos. É como se um toque sutil de sua presença ressoasse em outros doguinhos.
Lembro-me que, de manhã, ele acordava comigo da noite dormida costas com costas. E ao perceber que eu já estava trocada para a escola, começava com uma das suas brincadeiras preferidas – morder minha calça do uniforme, que ficava toda cheia de buracos.
Você certamente já viu essa cena: um cachorro abocanha uma coisa qualquer e sacode a cabeça de um lado para o outro com sua “presa” entre os dentes. Era isto, no entanto, a presa era a bainha de minhas calças. Ônix se dedicava a essa tarefa com uma seriedade cômica, como se estivesse cumprindo uma importante missão.
Os animais nos ensinam coisas que não somos capazes de aprender somente da experiência humana. Com o Nego (como a gente o chamava), aprendi sobre a alegria simples e pura, sobre a lealdade silenciosa que não precisa de palavras para se fazer entender.
Minha lembrança preferida vem de umas férias, onde soltamos ele num gramado vasto. Só conseguíamos ver um pontinho preto em meio à relva, enquanto ele atravessava correndo para o outro lado. A imagem dele com as orelhinhas aparecendo e desaparecendo na grama, é uma das memórias mais vívidas e felizes que guardo dele.
Ônix não está mais aqui, mas sua presença permanece em cada sorriso que surge ao pensar nele. Ele é um fragmento eterno de amor e alegria. E desse jeito, de uma forma mágica, Ônix nunca se foi realmente… <3
* (11/21) “Faça uma lista com 5 bichinhos que fizeram parte da sua vida, escolha um deles – aquele de que você se lembra mais vividamente (também pode ser um animal de estimação atual) – e anote a primeira lembrança que vier à mente.” – Este artigo faz parte do desafio de 21 dias de escrita, proposto pelo Matheus de Souza.
Leia os outros textos aqui
** Este texto foi escrito em 16/06/22 – não sei por qual razão escrevi e não publiquei