Pôr do sol no Atacama
Era um fim de tarde no Deserto do Atacama, e o cenário parecia saído de um filme antigo. A vastidão árida do deserto estendia-se em todas as direções, pontuada apenas por formações rochosas e montanhas que pareciam esculpidas pelo vento ao longo dos séculos.
O céu, que durante o dia tinha sido azul, começava a se transformar, preparando-se para um espetáculo de cores que prometia ser inesquecível.
Sentei-me com minhas amigas em uma das grandes rochas, a superfície quente ainda irradiando o calor acumulado do dia. O vento trazia misturado o cheiro seco e terroso característico do deserto. Enquanto observava o horizonte, o sol começava sua descida majestosa, lançando longas sombras.
O céu se tingia de tons de laranja e dourado, que gradualmente se transformavam em um rosa suave e depois em um púrpura profundo. As montanhas distantes ganhavam uma tonalidade avermelhada, enquanto os últimos raios de sol tocavam seus picos.
Todas as pessoas ali estavam tomadas pela experiência. O silêncio era absoluto, quebrado apenas pelo som do vento.
O som do silencio do deserto era uma melodia sutil. Sem a interferência do ruído humano, cada pequeno som ganhava uma nova dimensão. Era como se o próprio deserto respirasse, e o Atacama estivesse sussurrando segredos antigos, histórias de tempos imemoriais guardadas nas suas areias, uma experiência que só um deserto pode oferecer.
Ao fechar os olhos, pude sentir a energia daquele lugar de uma maneira quase palpável, somente com o vento fazendo meu cabelo, misturado com areia, fustigar meu rosto – uma lembrança tangível de onde eu estava. A pele, aquecida pelo sol durante todo o dia, agora começava a sentir a mudança de temperatura, um friozinho que anunciava a chegada da noite.
Enquanto o sol mergulhava no horizonte, o céu se transformava em um verdadeiro espetáculo. Cores se fundiam e se misturavam, criando um caleidoscópio e transformando a paisagem.
À medida que a noite tomava conta, o pôr do sol no deserto do Atacama se revelava não apenas um espetáculo visual, mas uma experiência sensorial completa. Ao me levantar, sentindo a rigidez das rochas sob as mãos e a maciez da areia sob os pés, sabia que aquele pôr do sol ficaria gravado em minha memória para sempre.
Não era apenas a beleza incomparável das cores ou a serenidade do silêncio, mas a sensação de estar em um lugar onde o tempo parecia ter parado, permitindo que eu me conectasse profundamente com a natureza e comigo mesma.
O pôr do sol no deserto do Atacama não era apenas o fim de mais um dia, mas uma poderosa metáfora: passando pelos momentos mais áridos de si mesmo, é possível encontrar uma incrível beleza de ser a seguir.
* (12/21) “Escreva sobre algum pôr do sol inesquecível.” – Este artigo faz parte do desafio de 21 dias de escrita, proposto pelo Matheus de Souza.
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